Têm coisas que mudam nosso dia. Ganhar um refrigerante, comer o último pedaço da pizza na geladeira ou achar uma moeda. O dia de Nick (Jesse Eisenberg, de A Rede Social), um entregador de pizza canastrão, também muda, mas não tão positivamente como nos exemplos. De uma hora para outra, ele é sequestrado, preso a colete repleto de bombas e mandado para roubar um banco e conseguir 100 mil dólares em no máximo dez horas.
Parece um filme policial, mas é a comédia 30 Minutos ou Menos, primeiro filme de Eisenberg com o diretor Ruben Fleischer depois de Zombieland. O filme segue o estilo estabelecido pelo sucesso anterior da dupla, levante comédia de situação para um gênero já estabelecido. Dessa vez, o gênero escolhido para ser explorado é o dos filmes de assalto.
Tudo começa graças a Dwayne (Danny McBride) e Travis (Nick Swardson), dois brutamontes, sequestram o personagem principal e exigem que ele roube o banco. O dinheiro será usado por eles para encomendar a morte do pai de um deles, um casca grossa. A relação dos dois personagens é interessante, mas nada se comparada com a relação de Nick com seu amigo Chet (Azis Ansari). Chet resolve ajudar seu colega, mas alguns podres internos aparecem, e geram discussões que quase colocam tudo a perder para os dois, mas se transformam em situações hilárias na tela.
Aziz Ansari empresta a Chet um ar de incredulidade com a situação que está vivendo, o que é o grande destaque do filme. Muitas vezes criticado por só saber interpretar personagens derrotistas, Eisenberg quebra esse paradigma no filme, uma vez que Nick é um sujeito que parece driblar seu caminho pela vida, ao menos até se ver na situação do filme.
O filme explora muito bem o passado dos personagens, tanto de maneira cômica como para gerar conflito, e sem ter que ficar recorrendo a flashbacks para tanto. Os pais de Nick não aparecem em nenhum momento, mas ao serem citados nas conversas entre o personagem e Chet nós imediatamente percebemos que essa é uma das razões da maneira de ser de Nick. Percebemos também nos vilões (se é que dá pra chama-los assim) Dwayne e Travis tem mais motivos para querer o assassinato do que aparentam, e que o fato deles não cometerem o assalto eles mesmo diz muito sobre sua personalidade. Como se numa partida de poker para a qual não pagaram para entrar, eles investem alto, mas temem perder o que já ganharam.
Logo se nota o paralelo entre o longa metragem e a obra anterior do diretor. Toda a comédia e a ação estão ali como moldura, enquanto ele nos apresenta um grupo de personagens desajustados, em um cenários desajustado, e faz com que nos questionemos o que realmente importaria naquela situação. De uma hora para outra, percebemos que não somos tão diferentes assim dos personagens. Eles são desajustados, assim como nós. Não faríamos tão diferente deles em seu lugar.
Considerações finais
O filme não é tão bom quanto o já citado Zombieland, que até mesmo se tornou objeto de culto de alguns fãs, mas é um excelente programa para uma tarde de sábado.
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