E eis que um projeto nacional extremamente promissor nos aparece, estamos falando da coletânea HBQ que reúne histórias incríveis que você com certeza vai querer conferir.
O que é a HBQ?
Trata de uma iniciativa independente (indie) que busca produzir quadrinhos de qualidade para o mercado nacional. Elas funcionam da seguinte forma: são 4 histórias por edição, com lançamento bimestral dirigida ao público jovem, com 3 séries e um “one shot” (carro chefe). Disponibilizadas nos formatos em PDF (digital) e impresso (físico), você sempre terá alguma forma de conferir os lançamentos.
Primeira edição – o que achamos
Indo diretamente ao ponto de interesse, você que talvez esteja por fora dos quadrinhos pode não se recordar muito bem de nomes tão notórios do cenário nacional atualmente que tragam aquela sensação de emoção ou entusiasmo, com tantos meios de mídia infelizmente as comics ficam eventualmente um pouco de lado – um erro gravíssimo que não deve ser cometido.
Um erro que notamos ao começar a entrar no “Universo HBQ” com histórias interessantes, repletas de aventuras, emoções, e elementos que vão te fazer pensar, refletir e sobretudo.. querer mais!
Quatro histórias, quatro emoções
Começando por ‘Paradigma‘, descrito como “um sci-fi repleto de suspense, desses que fazem com que fiquemos com vontade de ler mais a cada página“, tal afirmação não é equivocada, e eis o por quê.
Sua arte, logo no inicio já é um prato cheio. Traços que embelezam a história criando uma atmosfera que reforça aquilo que gostaríamos de ver antes de começar a leitura; somos apresentados ao misterioso personagem “Neron“, que já introduz certas questões acerca dos eventos que estão desenrolando pela cidade.
Uma ambientação futurista com supostas inspirações de filmes como “Tron“, e um perigo que nos lembra um pouco do game “Dead Space” (Visceral Games) podem nos situar melhor daquilo que estamos prestes a colidir.
É notório o esforço de trazer um cenário rico e repleto de menções interessantes, não esquecendo dos fragmentos únicos que aqui, estão presentes e podem muito bem serem trabalhados resultando em uma originalidade maior (vale lembrar que é somente o primeiro capítulo).
Conclusão
De toda forma, é sem dúvida uma trama que faz querer mais, encantando com belíssimas ilustrações que são inseridas em momentos “climax“, o medo de algo iminente traz consigo o entusiasmo de folhear cada página. Suspense é a alma do negócio, uma inserção que o roteiro por A.Diandra conseguiu com êxito, e que os desenhos por Ellie Petersen concluíram de forma harmônica ao contexto geral.
Indicar “Paradigma” não é somente uma questão de bom senso, é uma obrigação a todos os amantes do gênero, que podem ou já estão perdendo um produto nacional de qualidade, um convite imprescindível à uma aventura rumo ao perigo.
Mudando o foco completamente, se antes estávamos falando de suspense, sci-fi e um iminente terror – agora vamos falar de algo mais light, mas nem por isso menos interessante: ‘Ranaway‘ é aquela história simples que vai te cativar.
Tudo começa com Jenifer, uma violinista de dezoito anos de idade que ao receber uma notícia terrível que seu nome só estaria aparecendo na lista de aprovados por engano.. encontra com Rana, a excêntrica guitarrista que a faz tomar a aventura mais louca de sua vida.
Aqui um dos destaques se dá pela objetividade na narração da história, que por mais cotidiana que seja nos faz admirar pela falta de “conversas furadas“. A personagem passa por uma série de eventos de forma rápida já apresentando sua decepção extrema à um encontro totalmente inusitado e fora dos padrões; com diálogos ligando as pontas e deixando as coisas mais claras.
Não é difícil imaginar mensagens por trás do roteiro como “não desista dos seus sonhos“, ou “volte para casa e viva uma vida normal, ou faça algo extremo e tenha um futuro diferente“. Bem como nas decisões da nossa vida, o leitor precisa ver mais do que somente as linhas e traços para enxergar a real beleza do que essa aventura pode proporcionar.
Em termos técnicos, os desenhos de Raphael Cardoso ilustram bem a situação e traz as emoções do momento – Natalia Bellieny está por conta da difícil missão de fazer a história nos encantar ainda mais, adicionando maior profundidade nos personagens e fazendo-os únicos.
Conclusão
Não é difícil nos depararmos com situações onde a decepção se torna a única resposta do momento. Transformar a tristeza em uma série de motivações para continuar são características chave para o sucesso.
Aliadas com uma boa dose de “fora dos eixos“, tomando uma difícil decisão de seguir por caminhos não tão convencionais, os próximos capítulos desta história nos dirão o quão consistente e interessante o caminho das futuras amigas (talvez) é. Vale a pena conferir!
“Sabores” é o primeiro capítulo de ‘Impérios de Vidro‘, um promissor quadrinho ilustrado por Jadson Santos e escrito por Pedro la Ruína que inclusive também escreve “Epílogo” que comentaremos mais tarde.
Com um tema sobrenatural, o mundo está desgovernado e forças malignas estão espreitando o mundo moderno dos grandes impérios…mas, estranhamente, ninguém parece perceber. Com incidentes misteriosos, este é o “barril de pólvora” que serve como palco para algo muito maior: intrigas, guerras, mistérios e muito drama.
No primeiro ato temos a primeira devastação das forças do mal, que acompanham belas frases de temperamento filosófico, enquanto uma carnificina consome o local. o tenebroso questionamento é feito: “Qual é o sabor da morte?“.
Logo após a matança, uma personagem feminina surge, nos dando boas referencias de quem não confiar. Também é fácil imaginar que ela terá um papel muito intenso no decorrer da história. O suposto personagem principal carrega grandes características de um imperador com vestes de um imperador repletos de boas intenções; não é difícil prever catástrofes que virão à frente no roteiro.
Conclusão
Se você busca um pouco mais de mistério após “Paradigma“, recheado com uma boa trama de fundo e muito sobrenatural – esta HQ é pra você. As proporções da história vão muito além do que podemos observar em sua primeira apresentação na compilação HBQ, o que significa que ela merece atenção e engajamento por parte de quem estiver acompanhando.
Quem sabe não temos até bons “plot-twist” à frente? Um jogo das sombras está tendo inicio e você não pode perder isso.
Finalmente chegamos ao destaque da vez, e de inicio devemos fazer o devido reconhecimento da maestria na ilustração de Mad D., que por sua vez reproduz algo único. E faz o roteiro de Pedro Lá Ruína se encaixar como uma luva.
Vamos por partes, para melhor entendimento confira a sinopse:
“A cada 40 segundos alguém comete suicídio. 20 milhões de pessoas por ano tentam tirar suas próprias vidas. O protagonista de Epílogo entende bem essa estática, sua profissão é investigar crimes, porém na sua rotina, tentar trazer alguma esperança a pessoas quebradas que fazem parte dessa estática é mais comum que caçar assassinos em série ou ladrões como nas típicas histórias noir de detetives.”
Amantes da ambientação noir vão simplesmente se apaixonar pelo que vem a frente – com boas indagações dos personagens é literalmente uma viagem à uma distopia existente em nossa sociedade, que para alguns pode muito bem também entrar em mitologias conhecidas no mercado.
Como uma figura que lembra enfaticamente por suas falas o vilão “Coringa” de ‘Batman’, ou quem sabe esta não é só uma visão individual de um louco que profere frases com grandes requintes de subjetividade? Seja como for, se prepare por uma viagem insanamente recompensadora, colocando um detetive como protagonista desta, que é sem dúvidas uma excitante revelação nacional.
Conclusão
‘Epílogo’ é a cereja que faltava na revista, criando uma sinergia de elementos enriquecendo monstruosamente a composição geral da HBQ.
Esta é uma daquelas que você dificilmente não gostará, mesmo sendo um crítico nato. Se o seu gosto por comics é mais requintado, e não suporta tramas que não condizem com o que vivemos atualmente, reserve uma parcela de suas finanças para a compra de novos exemplares… acredite, você vai querer fazer isso.
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