Confesso que eu não vi nenhum trailer, não li nenhuma notícia, sabia muito pouco sobre o cânone dos livros, pra ser sincero… eu pouco me importava com o filme, mas, lá estava eu, na estreia, sentando em um bom lugar e pronto pra me decepcionar, mas não foi isso o que aconteceu quando Divergente começou.
Mais um filme adolescente? Mais uma paixão incontrolável por conta da puberdade que está se manifestando? Mais um filme clichê? Não, Divergente, não é nenhuma das três alternativas citadas acima, e para aqueles que forem atenciosos o longa faz uma crítica sagaz a um momento bem peculiar que muitos jovens vivem no mundo hoje em dia.
No longa nós somos apresentados a cinco facções distintas, Abnegação, Franqueza, Amizade, Erudição e Audácia, cada uma com características distintas o que faz com que seus integrantes também tenham habilidades distintas, a explicação para o o mundo ter sido dividido assim é que uma grande guerra ocorreu , e esse foi o único método que garantiu a paz. Quando adolescentes completam dezesseis anos eles passam por um teste para verem em qual facção irão ingressar, mas independente do resultado desse teste, eles podem escolher um grupo totalmente novo, e é assim que a ameaça ao governo surge, já que alguns não podem ser classificados e são chamados de “divergentes“.
A personagem principal da trama, Beatrice (Shailene Woodley), ou Tris, como escolhe ser chamada dentro de sua nova facção, é uma divergente o que a torna perigosa, já que ela é capaz de superar seus medos e de pensar como nenhuma outra pessoa pensaria, porém ela não é a única já que seu interesse amoroso, Quatro ou Tobias (Theo James), também é uma dessas pessoas, assim os dois se unem contra a Erudição, facção que preza pela inteligência e que planejava um golpe de estado contra o atual governo, que era o da Abnegação. Viu, as coisas começam a esquentar, e não é só por isso, já que Divergente, nos pergunta diretamente: “por que ser igual?“, essa é a questão que move o enredo, já que no mundo em que vivemos, seja onde for, todos presam pela padronização, quando na realidade, pensar fora da caixa é muito mais importante.
Muitos telespectadores e críticos, comparam Divergente a Jogos Vorazes e essa comparação só é plausível em um quesito, que é: os dois tem uma mensagem para passar. Agora a pergunta é, que mensagem é essa? Bom, ela pode ser interpretada de diversas maneiras, mas como eu já disse anteriormente, a mensagem mais gritante em Divergente é sobre a padronização e a censura, onde as personagens tiveram que mais uma vez “destruir” o mundo onde viviam para conseguirem sua real liberdade, em um mundo novo e construído por eles mesmos, porém se pegarmos novamente a ideia da comparação, ela não é muito relevante, porque é evidente que Divergente cumpre a missão e nos faz refletir, já Jogos Vorazes…
Porém, acredito que mais dois filmes é exagero, eu sei que eles estão se baseando nos livros escritos por Veronica Roth, mas talvez seja bom a autora pensar em rever sua obra literária já que com um filme, as roteiristas Evan Daugherty e Vanessa Taylor juntamente com o diretor Neil Burger conseguiram falar tudo que havia para ser dito ao telespectador, com apenas uma película, e correm um risco desnecessário de estragar o bom desenvolvimento que as personagens tiveram ao produzirem mais duas sequências. É por isso que fiquei feliz com Divergente, já que ele não se explica, mas quando explica, não chama o telespectador de burro e consegue agradar do público mais exigente a alguém que nunca soube nada sobre a história.
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