Investindo no cenário competitivo e surfando na onda dos e-Sports, eis que a Ubisoft mescla um tiroteio franco às origens táticas da série que se perpetuou durante muitos anos como um dos melhores do subgênero.
Desenvolvido pela Ubisoft Montreal, o título deu as caras pela primeira vez em 2014 na Eletronic Entertainment Expo 2014, além de ser a suposta reformulação total do que viria a ser Tom Clancy’s Rainbow 6: Patriots, game cancelado.
Utilizando o motor gráfico Anvil, introduzido na geração passada (Xbox 360, Playstation 3) e que chega à ‘next-gen’ de forma reformulada (2.0), já a vimos aplicada em títulos como Assassin’s Creed Syndicate e até o massivamente criticado Unity (obviamente, não pelos seus gráficos.
Aqui em Siege, o estúdio claramente conseguiu polir tal motor para que se encaixasse bem na nova geração – algo que, embora não consiga entregar os melhores gráficos já vistos, tem êxitos, nos mostrando uma qualidade aceitável. Adicione a isso interações com o cenário – ou como podemos dizer, destruições de ambiente, e finalmente chegamos a um dos grandes pontos da produção: aqui o cenário adquire uma função mais prática e não somente visual.
Outro grande trunfo da vez, é que toda adrenalina e ação acompanha gráficos em 1080p e 60fps fluidos – uma grande tendência que veio para ficar.
Sonoplastia
Se existe algo que Siege consegue fazer com absoluta excelência, é certamente em sua parte sonora. Com uma grande profundidade no sistema, a grande sacada por trás da tecnologia é captar de forma realística a movimentação e tiroteio tornando-o parte do gameplay.
Em várias ocasiões, inimigos podem ser notados através do som. Podemos até mesmo tentar descobrir qual armamento o inimigo está portando através do barulho emitido durante o tiroteio.
Entenda o caso (em inglês)
Basicamente, podemos concluir que de tão denso e rico, a sonoplastia é quase um personagem aqui.
Modos de Jogo
Indo ao que realmente importa, chegou a vez de falarmos sobre a experiência Siege, ou, qual é a grande sacada por trás da investida da Ubisoft em mesclar a ação tática competitiva agradando os fãs mais meticulosos, tentando dar uma pequena (bem pequena) abertura aos atiradores desenfreados ao maior estilo Call of Duty.
Começando pela parte single-player, podemos dizer que tudo não passa de uma introdução – levando em conta que o estúdio não quis dar espaço para um modo Campanha, algo que pode fazer falta para os fãs de velha guarda, mas que é compreensível quando entendemos a proposta principal.
E, claramente a experiência mais interessante aos fãs do modo para um jogador, é a intitulada ‘Cenário’, onde os objetivos são divididos entre desarmar bombas, resgatar reféns, e por fim aniquilar de vez os terroristas. Toda a ação se desenvolve ao longo de 10 cenários e tem a função principal de ensiná-lo as funções das classes e particularidades do título; além disso, a cada mapa concluído o próximo tende a ser mais difícil acompanhando a curva de aprendizagem do jogador. Aqui temos à disposição 3 dificuldades (Normal, Difícil, Realista).
Devemos fazer um grande adendo neste momento para afirmar que Siege não é um titulo para ‘pegar e jogar’ de cara. Explico: com mecânicas singulares e muita tática, como sinalizamos acima, é necessário tirar um tempo para entender como tudo funciona. Algo que realmente leva tempo se considerarmos que temos à disposição cerca de 10 classes (ou operadores) únicas (mais serão liberadas em breve) que são divididas entre Atacantes e Defensores.
Enquanto a primeira é deliberadamente focada na invasão e no combate direto, a segunda deve preparar barricadas, curar aliados, preparar gases químicos ou até mesmo interferir na comunicação do time rival.
Operadores disponíveis
ATACANTES
Sledge – Geralmente fica nas linhas de frente das operações cerco, pronto para abrir caminho para seus companheiros com uma pancada com seu martelo-aríete. É o Operador perfeito para o jogador que só quer cuidar dos “negócios”. Sledge é capaz de destruir superfícies como paredes, pisos e barricadas com força e velocidade.
Thermite – É perito de demolições recrutado da equipe da Swat do FBI. Ele leva uma carga de termita capaz de queimar totalmente a mais resistente das barreiras. Ele não se importa de causar tumulto quando se trata de fazer um trabalho feito.
Ash – Depois de entrar para a equipe da Swat do FBI, Ash trouxe seu conhecimento de demolições para a produção de uma carga explosiva montada em arma capaz de abrir uma porta ou explodir uma parede a distância.
Thatcher – Armado com granadas EMP especiais, Thatcher pode desabilitar aparelhos eletrônicos dentro do raio de ação por um curto período de tempo. Use Thatcher para ajudar sua equipe a obter a vantagem contra os defensores.
Twitch – Twitch tem um drone que pode enviar choques elétricos, causando pequenos danos, além de desativar armadilhas. Vigilância é fundamental, e este é o Operador perfeito para quem gosta dar uma olhada antes de entrar em ação.
DEFENSORES
Castle – Pertence a terceira geração de uma família de policiais, Castle traz a sua perícia em defesa e reforço para o esquadrão Rainbow, sempre preparado para instalar suas tradicionais barricadas Kevlar reforçadas.
Smoke – É um assassino silencioso. Ele pode implantar e detonar remotamente uma carga de gás químico que causa dano a quem estiver na fumaça. Smoke é um destemido viciado em adrenalina na batalha e pode ser útil em manobras defensivas com sua carga de gás químico.
Pulse – Ele pode acompanhar os batimentos cardíacos de seus oponentes e determinar seus locais para ajudar a sua equipe de preparação para o ataque.
Rook – Ninguém quer ir para a batalha nu (ou ninguém em sã consciência faz, de qualquer maneira). Rook garante seus companheiros de equipe vão para a luta com uma armadura extra que pode significar a diferença entre viver para terminar a rodada e sair nos primeiros 30 segundos. Se você optar por jogar com Rook, eu recomendo deixar cair sua caixa de armadura em uma área central durante a fase de preparação para que sua equipe pode começar a rodada com alguma cobertura de proteção extra.
Mute – É especialista em inteligência de sinais. Ele usa uma ferramenta que possibilita interferir em todas as comunicações em uma área definida, evitando detonações remotas e a utilização de drones. “A Classe de Mute é uma espécie de protetor”, diz Witts.
Fonte da tabela de operadores: http://aikontv.com/index.php/games/172-rainbow-six-conheca-os-operadores
No modo online outro grande destaque é o chamado ‘Caça-Terrorista‘, onde podemos jogar sozinho ou com 4 acompanhantes adicionais.
Aqui os objetivos e lugares são diversos, mas na maioria das vezes extrair reféns ou apenas matar os Máscaras Brancas (os terroristas do título).
Neste modo, fica clara a intenção de pôr em prática todos os ensinamentos do modo anterior ao lado de pessoas reais. Leve-o como um segundo grande tutorial, já que aqui aprendemos a trabalhar em grupo, e já que o grande alicerce de Siege é o fator tático, nada melhor que executar um plano recheado de comunicação para que tudo saia como o planejado (ou não).
Finalmente chegando ao grande ponto, a experiência final, ou como alguns dizem, ‘a cereja do bolo’, temos o modo Multiplayer PVP. Se tratando de somente um modo (team death match) com 3 ramificações, elas são, respectivamente:
- REFÉM: Os atacantes precisam localizar e extrair os reféns de uma edificação, enquanto os defensores precisam usar barricadas e armadilhas para deter os atacantes.
- PROTEGER ÁREA: Os atacantes precisam localizar um cômodo que guarda um recipiente de risco biológico e proteger o local em 10 segundos.
- BOMBA: Os atacantes localizam uma ou duas bombas e usam um desativador por perto. Os atacantes vencem a rodada se conseguirem desarmar a bomba ou eliminar a equipe inimiga.
Aqui todo conhecimento aprendido previamente é posto de forma brutal em prática. E é justamente neste mesmo modo, que notamos uma grande disparidade entre partidas realmente táticas, ou as suicidas, normalmente protagonizadas por jogadores que não passaram pelas etapas iniciais, ou que não entenderam a proposta do jogo.
Portanto, fica claro que o título produzido pela Ubisoft Montreal pode realmente não ser para todos. Nos nossos testes, por exemplo, notamos que uma grande gama de jogadores não sabe nem ao menos qual é o objetivo de cada sessão – pior: em muitos casos temos partidas acabando em menos de 1 minuto. Isso acontece quando os times não se atentam aos objetivos e vão direto para a carnificina. Se este é o seu tipo de jogo, previamente podemos dizer que talvez este não seja o seu lugar.
Isento de Problemas? Não
Embora Siege consiga propor um tipo diferente de jogo competitivo onde realmente nos atemos à pressão psicológica de executar todo o plano com perfeição, ou por outro lado, consigamos manter o refém e matar os agentes rivais, um dos grandes problemas começam no sistema de matchmaking, ou o clássico formador de partidas.
Embora seja fácil encontrar brasileiros, em muitos casos o ping pode ser muito alto já que geralmente os servidores são localizados no continente Norte Americano. Particularmente, esse é um problema bem local, mas que realmente pode destruir sua experiência.
Em outros casos, os jogadores podem pegar adversários mais veteranos – criando um ambiente potencialmente desastroso para o seu time.
Outro ponto que pode se tornar negativo, fica por conta dos Defensores, um tipo de classe mais focado no suporte à equipe. O ponto negativo aqui é que seus objetivos, embora muito importantes na sessão, podem ficar às vezes muito monótonos carecendo de um leque maior de estratégia. Um problema que pode ser trabalhado futuramente, mas que realmente desencoraja uma gama de jogadores que buscam a ação.
Por fim, embora Siege faça algo muito bom como abolir de certa forma o sistema “P2W (Pay to Win)” onde o jogador que mais paga, recebe benefícios reais no jogo, ainda é difícil conseguir moedas o bastante para conseguir novos operadores, e o problema fica mais evidente quando notamos que é possível adquirir os mesmos personagens pela moeda paga do título.
Então de certa forma, sentimentos um pouco que o game te empurra a opção de pagar para consegui-los de forma instantânea.
Conclusão
Rainbow Six Siege é uma grande aposta da empresa que realmente quer abocanhar o mercado competitivo, e a primeira competição que renderá 100 mil dólares aos ganhadores deve acontecer em março deste ano. Esse apego, nos mostra que teremos sempre balanceamentos, reformulações e melhorias por se tratar de um ambiente muito vivo.
Visualmente e em termos de jogabilidade Siege consegue um grandioso acerto, mesmo que para um nicho muito especifico devida a sua proposta. Num geral, o grande problema fica ainda por conta do preço (para PC R$ 129,99 e para consoles R$ 249,99) realmente intragável e não compensando se colocarmos na mesa que o investimento de certa forma é arriscado, dependendo sempre de jogadores para que o título possa ser aproveitado perfeitamente.
Adequado para os fãs da série, se você busca uma ação tática com uma boa variedade de classes com habilidades únicas, investir o seu tempo vale (e muito) à pena!
texto e edição: Bruno Henrique
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