Encantador, Flat Kingdom une um pouco do carisma de Super Mario Paper a mecânicas únicas trazendo resultado satisfatório, porém com algumas derrapadas ao longo do percurso.
Desenvolvido pelo estúdio mexicano Fat Panda Games, que também está envolvido em produções como Ghost Apocalypse, Lobo With a Shotguns, Tony Fit e Twin Flames, Flat Kingdom traz um carismático personagem em uma trama simples envolvendo um sequestro de uma princesa, um vilão, um reino, e é claro, nosso herói – flat.
Visualmente, ‘Flat Kingdom‘ é encantador. Apresentando artes muito bem construídas que ditam o tom cartoonesco desenvolvido. O título se propõem a nos levar em uma jornada repleta de ambientações refrescantes que conseguem distribuir muito bem seus ritmos.
Em suma, o jogador se verá compelido a passar por fases lineares com objetivos opcionais ao mesmo tempo em que coleta moedas e enfrenta inimigos. É importante abrirmos espaço agora para comentar uma de suas mecânicas que merecem crédito de sobra: Flat Kingdom é construído a partir do conceito do tradicional jogo “joquêmpô”, que definitivamente fez parte da infância de muitos.
Flat, nosso herói, consegue alterar sua forma remetendo as três formas básicas de triângulo, quadrado e círculo. Pense em um “pedra, papel e tesoura” aplicado como regra para um título side scrolling.
O que pode parecer confuso de primeira, se mostra bem conduzido através de um guia que está sempre na interface do jogador. Tal regra é introduzida de forma inteligente, uma vez que todos os inimigos apresentam formas geométricas – e cabe a você, pensar na combinação certa e derrotá-los.
Na prática, se um um inimigo apresenta formas pontiagudas que lembram um triângulo, o personagem deve adequar-se à forma de quadrado. Tal como citamos acima, um velho embate entre “tesoura e pedra”. Tal conceito é aplicado não somente ao combate, mas juntamente ao level design que incorpora várias saídas que demandam de movimentos específicos em formas especificas.
‘Flat Kingdom’ não é um daqueles títulos que devem ser levados a sério – e isso é refletido em sua trama descompromissada levada em um tom de brincadeira refletido em diálogos de NPCs e afins. De toda forma, no maior estilo de ‘conto’, temos aqui uma receita divertida que tenta reinventar como interagimos com games de plataforma.
Muita tesoura para pouco papel
Infelizmente, certos detalhes mostram uma inconsistência em pontos cruciais. Seu level-design, que traz uma evolução gradativa de dificuldade conforme a evolução do jogador, protagoniza momentos de disfuncionalidade em locais onde a intuitividade não é colocada em primeiro lugar. O resultado são tentativas atrás de tentativas que nem sempre recompensam devidamente o jogador.
O mesmo problema é vivenciado em chefes, que embora devemos reiterar seu belíssimo design e tematização, tem problemas sérios estruturais. Mecânicas não são intuitivas o bastante e em alguns exemplos até induzem o jogador a literalmente “tentar de tudo” para entender o funcionamento de alguns destes. Tal premissa de pensamento é válida para certos, casos, mas quando não há uma recompensa boa o bastante… talvez o espaço seja preenchida por frustração.
Frustração que também acomete sua trilha sonora, por vezes aceitável, por vezes repetitiva a pontos que até prejudicam boas construções visuais e de mecânicas.
Há aqui um trabalho considerável que merece respeito, principalmente por estamos tratando de um estúdio indie altamente promissor; de toda forma, pequenos problemas tiram um pouco do que o título poderia vir a ser. Falta mais impacto nos embates, uma real consequência visual e musical de o quão gratificante pode ser derrotar pequenos e grandes inimigos.
Vale a pena?
Com cerca de 5 a 6 horas de duração para aqueles que querem realizar tudo o que o jogo pode oferecer, ‘Flat Kingdom’ merece ser saboreado por sua tentativa que é refletida em ótimas artes e animações proporcionando muita diversão – e é claro, alguns momentos de estresse.
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