Análise, curiosidades & bizarrices sobre Beyond: Two Souls

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Categoria: Games, Review

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Análise, curiosidades & bizarrices sobre ‘Beyond: Two Souls’ – com a chegada do título ao PC, será que o maior filme jogável que Ellen Page já fez é bom?

Não me leve a mal, mas durante minhas 11 horas de tentativas e erros controlando um ser interdimensional intitulado Aiden e desvendando uma história triste de uma menininha que cresce em uma base militar patrocinada pela CIA, eu joguei a muitos segmentos que… não me agradaram tanto. No entanto, que em outras ocasiões, me fizeram curtir um bom filme dramático com boas atuações, momentos genuinamente interessantes e gráficos atuais até, para os padrões atuais.

Antes de mais nada, vamos à ficha técnica:

Desenvolvedora: Quantic Dream
Plataforma: Playstation 3, Playstation 4 e PC
Data de Lançamento: 08/10/2013
Para qual público: casual
Tem fator de repetição? Sim
Qual a média de duração do jogo? 12 horas

Sumário:

A versão jogada nesta análise se trata da mesma lançada para PlayStation 4 com melhorias gráficas e conteúdos adicionais (uma DLC). É importante também frisar que tudo está totalmente dublado e legendado em português brasileiro – algo importantíssimo aqui.

Análise, curiosidades & bizarrices sobre Beyond: Two Souls

Beyond Two Souls foi originalmente lançado para PlayStation 3 em 2013, e de lá pra cá, muitas coisas aconteceram: The Witcher 3, Grand Theft Auto V, Red Dead Redemption 2 e várias experiências que de certa forma podem ser consideradas cinematográficas, mas que não necessariamente te prendem à formula “david cageana”.

Beyond Two Souls é essencialmente um título narrativo (ao maior estilo dos games da finada Telltale) que tem como principal objetivo te apresentar um filme interativo recheado de facetas e opções, proporcionando desenrolares criativos e emocionantes. Grande parte destes, que funcionam muito bem no papel, mas nem tanto em sua execução.

Apimentando o aspecto cinema, aqui temos a adição de Ellen Page e Willem Dafoe (além de outros atores e atrizes conhecidos por séries policiais e filmes B) que na trama desempenham papeis principais:

  • Ellen  é Jodie Holmes, uma garota atormentada desde criança por espíritos – capaz de se comunicar com uma entidade chamada Aiden.
  • Dafoe é o cientista Nathan Dawkins, encarregado por pesquisas relacionados ao que chamam de “inframundo”, um tipo de “mundo invertido” de Stranger Things.

Em seu cerne, Beyond Two Souls é bem intencionado e até bem arriscado para a época: como mencionado anteriormente, toda experiência proposta pelo título foi feita para uma outra geração, em uma outra época – esta que talvez não estivesse tão saturada de experiências ao maior estilo “walk-simulator” combinando drama, ação, aventura, mistério e uma pequena (bem pequena) pitada de terror.

E o problema disso se traduz em alicerces que não apresentam o mesmo grau de inovação de outrora.

De toda forma, não podemos negar: Beyond foi importante para sua época, ao aplicar a proposta anteriormente testada por Indigo Prophecy e até Heavy Rain inserindo visuais de ponta, e uma megalomania ao entregar cerca de 24 finais (wow).

O problema é que, dos 6 anos entre seu lançamento original, sua então remasterização e vinda para o PC (plataforma testada) seu envelhecimento não fez muito bem à obra. E, como isso é sentido hoje.

Roteiro

Durante seus 26 capítulos que podem ser jogados por ordem cronológica ou pela rota proposta pelo próprio diretor (não linear), iremos presenciar acontecimentos sobrenaturais, treinamentos militares, dramas familiares, desvendar mistérios em uma fazenda assombrada em Navajo e outras situações dignas de uma série com duas temporadas encomendadas pela Netflix (é preciso modernizar os termos).

Embora a história central seja interessante e em vários momentos introduza a segmentos tocantes e emocionantes – a duração da experiência acaba se tornando arrastada, e com isso os pontos altos são muito altos enquanto os baixos, fazem com que você deseje desligar o videogame ou o computador no mesmo instante. Eu não fiz isso, mas a vontade estava ali.

Com isso, nós chegamos a outro grande aspecto que não pode ser negligenciado aqui: seu ritmo. Se antes de entrarmos nos reais altos e baixos, é preciso dar um grande aviso aqui. Beyond: Two Souls definitivamente não foi feito para ser jogado em uma sentada, e isso talvez seja o maior desserviço que você pode fazer.

E a razão por trás da afirmação vem atrelada a como os capítulos são estruturados em sua maioria. A História não cresce em um ritmo linear, e isso embora agregue à trama possibilitando uma maior imprevisibilidade entre os episódios – cria uma linha de crescimento, como dito anteriormente, extremamente irregular – eu até criei um míni-gráfico (não o leve tanto a sério exemplificando os capítulos mais altos e baixos em minha opinião, e os resultados são meio assustadores (minha opinião aqui, hein):

Análise, curiosidades & bizarrices sobre Beyond: Two Souls

Análise, curiosidades & bizarrices sobre Beyond: Two Souls

Jogabilidade

Dito isso, a jogabilidade é a que mais sofre em meio a todos estes desenrolares. Com poucas opções que realmente trazem grande impacto para o desfecho final narrativo, e momentos de ação mais uma vez, extremamente divertidos de se realizarem ou por vezes fáceis demais e em sua maioria – o sentimento é sempre misto demais.

Para ilustrar um pouco melhor minha afirmação, vamos comparar duas cenas de dois jogos distintos, ambos utilizando QTEs (quick time events, ou  método de jogabilidade sensível ao contexto) em cenas de batalha. Preciso deixar claro que, abaixo podemos ter spoilers de Beyond: Two Souls (Quantic Dream) e The Wolf Among Us (Telltale) sendo o último com cenas explicitas e pesadas (tirem as crianças da sala).

Enquanto a batalha entre Jodie e os arruaceiros nos possibilita realizar contra-ataques e/ou errar momentos de ação levando golpes até sermos totalmente nocauteados e por fim, recomeçarmos a cena – em The Wolf Among Us tal momento de embate nos traz um leque maior de opções seja em diálogos, seja em consequências para seus atos. São jogos com propostas diferentes e conceituações narrativa definitivamente contrastantes, mas que nos diz bastante sobre o peso de nossas ações e no final das contas, o que faz de um adventure realmente atraente.

Outro aspecto bastante mal utilizado em Beyond remete aos “poderes” sobrenaturais de Jodie (aqui, não exploraremos as causas) que funcionam em torno da entidade intitulada Aiden. Ele é capaz de empurrar objetos, interagir com o cenário e trazer uma certa visão de mapa que Jodie não é capaz – e enquanto sua proposta parece uma grata nova forma de exploração -, na maioria dos casos iremos realizar o mesmo movimento de contração de botões analógicos para absolutamente todas as situações. É um potencial desperdiçado que poderia apimentar ainda mais as interações com o mundo e com os personagens. Mais uma vez: ideias legais, execuções regulares.

Análise, curiosidades & bizarrices sobre Beyond: Two Souls

Replay Value

O valor de repetição existe uma vez que existem certas possibilidades novas decorrentes das ações realizadas por Jodie, além de um modo opcional intitulado “modo cronológico” onde os acontecimentos acontecem de forma linear seguindo o crescimento da personagem.

Curiosidades, easter-eggs e bizarrices

  • Durante a sequência Homeless, é possível através de Aiden espionar uma pessoa que está lendo um jornal sentado em um dos bancos da rua. Ao se aproximar, temos em uma manchete informações sobre o “Origami Killer”, o assassino de Heavy Rain (foto).
  • O diretor do game disse ao site Kotaku que o game foi idealizado enquanto ele estava em um enterro de uma amiga que havia falecido, que serviu como estopim para a série.
  • A decisão de David Cage para a protagonista veio, curiosamente, após esta publicar uma foto de quanto ela tinha 16 anos. O diretor escreveu o roteiro de Beyond: Two Souls enquanto espalhava fotos da atriz por toda sua casa.
  • Durante o episódio A Festa, é possível ir ao extremo e matar todos os adolescentes (assista ao vídeo).
  • Beyond: Two Souls  com as expressões faciais aceleradas em 500% é extremamente bizarro.

Veredito

Pontos positivos:

  • Gráficos de ponta com expressões faciais críveis.
  • 24 finais e possibilidades interessantes para o destino da protagonista.
  • Multiplayer local onde um jogador controla Jodie enquanto o segundo, Aiden.

Pontos negativos:

  • Desenrolar muito inconstante.
  • Jogabilidade fraca e repetitiva.
  • Repetição narrativa (mesmos temas sendo abordados múltiplas vezes).
  • Falta de liberdade e escolhas realmente impactantes.

Beyond Two Souls é um adventure carregado de histórias para contar com um elenco de peso e interpretações críveis. Com atos sólidos, porém com uma grande estrutura narrativa cansativa, a experiência é a que mais sofre. Os 24 finais apresentam estruturas similares, mas ao mesmo tempo ganham o mérito de proporcionar um certo aconchego na reta final.

Jamais saberemos o que aconteceu após “aquele encerramento” que sim, me deixou extremamente instigado. Mas, no final das contas, ao juntar todas as peças o resultado final é mais do que a média sendo um título para ser jogado e estudado. E para David Cage, o criador, um grande passo para sua obra que cessou grande parte destes tropeços (Detroid: Become Human).

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