Quando se considera o lançamento de uma grande série de vídeo game, poucos títulos conseguem causar impacto e expectativa como Resident Evil que trouxe, durante 25 anos, histórias de terror, zumbis e grandes corporações com suas intenções pouco nobres. Idealizado por Shinji Mikami, o primeiro game que se tornaria uma franquia de sucesso foi lançado em 1996 pela Capcom e entregou aos jogadores mais do que uma experiência: Resident Evil conseguiu reunir, além de um gênero novo e uma história cativante, um elenco de personagens marcantes que se tornaram verdadeiras estrelas no universo gamer.
Uma história de 25 anos…
Fortemente inspirado em filmes das décadas de 70 e 80, os jogos de Residente Evil ganharam uma perspectiva de medo e tensão construídos através de uma narrativa consistente que relatou como os membros de uma equipe policial tática da cidade de Racoon City acabou se envolvendo em uma trama maior envolvendo interesses financeiros e de poder. Os irmãos Chris e Claire Redfiled, Leon S. Kennedy, Jill Valentine e diversos outros protagonistas travaram uma luta contra a Umbrella Corporation em cinco jogos do eixo principal que estabeleceu uma base sólida de fãs curiosos pela história proposta. A cada novo título lançado, os produtores e roteiristas aprofundavam o enredo revelando aspectos mais sombrios das personalidades envolvidas na produção dos famosos vírus de alteração genética ao mesmo que reforçavam os elementos de survival-horror.
A partir da 6ª geração de vídeo games, a arquitetura básica para a construção de mecânicas, níveis de dificuldade e fluência de gameplay se alteram significativamente e os games passam a ter uma estrutura pautada na ação quase ininterrupta. Buscando adequar-se às novas tendências da indústria de jogos, no início dos anos 2000 a Capcom repensa os planos para uma de suas franquias mais lucrativas abandonando um projeto em andamento que ficou conhecido como Resident Evil 3 e 5. Neste protótipo desenvolvido para ser o quarto título principal da série, o personagem Leon investigava um castelo sinistro na Espanha enfrentando os terrores do local. Muitas das estruturas já conhecidas dos outros jogos estavam presentes, mas para atender as demandas do quarto capítulo em especial, Mikami é chamado para assumir a direção e implementa novas técnicas de jogabilidade consideradas mais fluídas e de acordo com os padrões do momento. Ações como os QTEs, uma maior rapidez ao locomover-se, atirar, lidar com objetos dos cenários e com hordas maiores de inimigos fizeram de Resident Evil 4 um novo começo para a série entregando um gameplay prático que agradou aos jogadores.
Com o sucesso deste quarto capítulo, os desenvolvedores mantiveram a proposta mais voltada à ação ao mesmo que introduzia o famoso elenco nesta perspectiva.
Com o lançamento de Resident Evil 5 em 2009, a Capcom estabelece a franquia como um game exclusivamente de ação e afasta a história do tom sinistro e mal-intencionado de antes. Resident Evil passa a ter como tema principal a luta contra o bio terrorismo tendo Chris Redfield como principal aliado à causa durante a fundação da BSAA como organização contra guerras biológicas. O quinto título foi bem recebido pela crítica e pelo público sendo o jogo mais vendido da empresa, o que permitiu que os investimentos sobre o jogo fossem elevados a patamares nunca antes tentado pela Capcom.
O projeto para Resident Evil 6 tinha por objetivo manter toda a estrutura dos títulos anteriores e permitir uma forma mais ampla e proveitosa de jogar. Para que esse objetivo fosse alcançado, a equipe responsável construiu quatro campanhas principais envolvendo sempre um personagem conhecido como Leon, Sherry e Ada como também personagens inéditos como Jake, Helena e Piers. O sexto capítulo, lançado em 2012, era um jogo com uma campanha fortalecida pelos personagens e muita ação que, juntamente com outros artigos envolvendo o nome Resident Evil, como os filmes no cinema e uma série de outros produtos, seria o maior sucesso que a franquia poderia ter até o momento. Entretanto, as duras críticas feitas ao jogo em relação às campanhas mal estruturadas, personagens novos poucos convincentes e um completo distanciamento do enredo original fizeram que Resident Evil 6 não atingisse as metas estabelecidas levando a Capcom a uma situação financeira complexa e delicada.
Durante os anos seguintes, a empresa japonesa mostrou uma quantidade menor de trabalhos e silenciou o nome Resident Evil deixando muitos fãs se questionando qual seria o futuro da série. Ensaiando uma recuperação financeira, a Capcom desenvolve outros projetos internamente ganhando a atenção da Sony para bancar os custos e se restabelecer como produtora. Enquanto não divulgava um possível novo jogo principal do seu título mais aclamado, os desenvolvedores lançaram em 2015 Resident Evil Revelations 2 como uma forma de começar a reaquecer o universo de RE. Pouco tempo depois, o anúncio oficial do remake de Resident Evil 2 veio a público e deixa o universo gamer ansioso para receber novos jogos.
As expectativas começam a se concretizar em 2017 com o lançamento de Resident Evil 7 que foi um game muito bem recebido pela crítica e pelos jogadores por retomar os aspectos e terror e tensão dos jogos mais antigos. Ainda receosa em entregar um título de peso depois de um momento difícil, a Capcom retira do jogo a maioria dos elementos criticados de RE 6 e traz mudanças drásticas em relação ao gameplay. Pela primeira vez, um jogo da linhagem principal da série Resdent Evil ganha a visão em primeira pessoa, traz um protagonista inédito e poucas referências aos acontecimentos de outros jogos como uma forma de reconquistar a base de fãs. Além disso, a franquia ganha um motor gráfico exclusivo com alta capacidade de processamento e programação com o intuito de permitir que o game pudesse trilhar sua própria evolução.
A presença de Ethan Winters e da família Baker inicia um novo caminho para a série, porém as questões em torno da continuidade dos jogos se fizeram presente e o público começa a pensar como seria a proposta para um oitavo capítulo.
Durante o processo de reestabelecer o nome Resident Evil no mercado, a Capcom surpreende os jogadores com o lançamento de remake de Resident Evil 2 em 2019 após três anos de puro silêncio. O título foi sucesso absoluto de crítica e de vendas sendo considerado o maior lançamento do ano e o jogo mais procurado de acordo com sites como IGN, GameSpot e o Metacritics que o avaliou com nota 9,2. Já reestabelecida economicamente, a equipe responsável pelos remakes lança em 2020 a nova versão de Resident Evil 3 que apesar de ser um game com uma campanha curta e menos fiel ao original também agradou ao público e preparou o terreno para um novo capítulo.
Resident Evil Village chega aos consoles como um game cross-gen com uma perspectiva mais madura e confiante que seu antecessor. Ainda mantendo todos os elementos que definiram tecnicamente o sétimo game, Village tem por objetivo consagrar Ethan Winters no elenco de personagens ao retomar sua história com Mia. Neste sentido, os elementos da tecnologia disponíveis para a nona geração se alinham a esse objetivo revelando um motor gráfico já dominado pelos desenvolvedores e adaptado à realidade do processamento dos novos vídeos games. No entanto, vale destacar que o grande destaque não está somente na forma como os personagens são apresentados ou como os gráficos respondem à altura de novos processadores. Se fizermos uma análise linguística do nome do jogo, a palavra Village pode ser interpretada como oitava geração, isso porque as letras VIII como grafadas na logo representa o numeral românico 8 e a palavra “age” em inglês significa era (tempo). Em resumo, a palavra Village pode ser interpretada como a oitava geração de jogos Resident Evil, o que acaba sendo um nome pertinente dado o momento e o contexto do lançamento. Essa oitava geração é a geração madura, consciente e de alta qualidade que sabe a que veio e vai entregar uma experiência empolgante e muito satisfatória.
Nesta perspectiva, é possível afirmar que Resident Evil Village é lançado para consolidar mais uma vez uma franquia que já conhece o sucesso e cumprir a promessa de permanecer no coração dos fãs por muito anos.
Estrelando Ethan Winters
O mais recente capítulo de Resident Evil acontece três anos após Ethan encontrar Mia dominada por Ewelyn, uma entidade maligna que controlava também a família Baker. Depois de conseguirem escapar dos horrores da mansão, o casal é resgatado por Chris e com o intuito de recomeçarem uma nova vida, Ethan e Mia vão para uma pequena cidade da Europa.
Para superar o passado traumático vivido por eles, Mia Winters inicia um rigoroso tratamento psiquiátrico para lhe ajudar a lidar com o passado enquanto Ethan Winters se submete a um intenso treinamento militar objetivando a defesa pessoal e a de sua família. Durante os anos na Europa, Ethan e Mia se estabelecem novamente como um casal e a chegada da primeira filha Rose faz com que a vida ganhe um novo sentido. Entretanto, a vida aparentemente sob controle começa a colapsar quando Mia questiona a convivência com o marido ao mesmo tempo que as sombras do passado começam a pairar sobre os dois.
Em uma noite tranquila de jantar, Ethan leva a filha até o berço para que ela durma e quando desce as escadas em direção à cozinha sente um tremor na casa e percebe que uma equipe tática militar lidera por Redfield invade a residência. Ethan não compreende as circunstâncias do evento e testemunha Chris matar a esposa em sua frente ao mesmo tempo que percebe que o objetivo da missão era captura dele e da filha para serem transportados para uma outra localidade.
Sem possibilidades de defesa, Ethan é colocado em uma van, mas os planos de Chris não saem como imaginados já que uma emboscada durante o caminho impede o veículo de chegar ao destino. Ethan sobrevive ao ataque, mas o mesmo não pode ser dito dos militares que o acompanhavam. Ele tem certeza de que não deveria estar vivo, mas uma vez que conseguiu a chance de ainda estar de pé, ele irá atrás da filha independente do ocorrido.
No meio da neve que cobria o caminho de gelo e fazia com que a temperatura atingisse valores quase insuportáveis, Ethan segue a estrada e acaba por encontrar um vilarejo que é regido pela mãe Miranda e seus quatro filhos. Ao conversar com os moradores locais, ele descobre que a vila era um espaço pacato e protegido pela mãe Miranda, mas desde que monstros estranhos começaram a aparecer no local, a paz dos moradores se transformou em medo e insegurança. Transtornado por todos os acontecimentos que o rodeiam, Ethan se pergunta como a filha Rose pode estar envolvida em uma situação tão sinistra como essa. Sem mais tempo a perder, Ethan inicia uma longa busca pela menina enfrentando uma família obscura que guarda muitos segredos.
Quando a Capcom projetou o conceito de Resident Evil 7 com Ethan Winters protagonizando aquele que seria o capítulo de retorno às origens, a empresa tinha em mente uma trilogia para o personagem como forma de redefinir a série. Para os jogadores, a presença do personagem pareceu estranha de início, porém a mudança trazida para o game superaram a questão da personalidade. No entanto, Ethan não chega efetivamente a brilhar no game de 2017 e tinha como objetivo construir o terreno para as próximas aventuras.
Em termos de personagens, enredo e coesão dos fatos, Village possui muitos destaques, mas o maior deles é o retorno de Ethan que volta ao jogo não como um personagem estranho e alheio ao universo Resident Evil. O pai de família faz um retorno grandioso e se mostra como um personagem forte, cativante e digno de estar ao lado do famoso elenco da série. Os jogadores terão a possibilidade de conhecer um Ethan mais maduro e íntimo com o enredo ao mesmo que sua história se cruza com a família de Miranda que vão adicionar dinamismo ao gameplay fazendo de Village um título completo e consistente do início ao fim da campanha. Na intensa busca pela filha, que supostamente fará parte de um ritual macabro, o protagonista enfrentará cada um dos filhos da mãe Miranda para enfrentar um desafio final que levará a um desfecho, pelo menos por um tempo.
A consolidação de uma nova geração de Resident Evil
Apresentando uma narrativa consistente e interessante, o gameplay de Resident Evil Village é uma combinação brilhante entre técnica, criatividade e assertividade para construir uma experiência autêntica e prazerosa especialmente para os fãs. Apesar de ter sido lançado como gênero survival horror, a maturidade da Capcom com este capítulo faz com que o game apresente uma grande diversidade de elementos de gameplay que são a chave para o sucesso do jogo indo dos elementos de ação até o terror psicológico que consagrou a franquia.
A campanha é dividida em grandes capítulos e cada parte explorada revela um ponto da história principal e de seus personagens. A equipe desenvolvedora mostra destreza ao criar cenários com mecânicas distintas que se alinham ao todo do enredo permitindo uma experiência única conforme o progresso do jogo.
Após uma introdução em que Ethan conhece um pouco do vilarejo e seus habitantes, a primeira grande missão acontece no castelo Dimitrescu e é durante essa primeira exploração que Resident Evil Village já mostra todo seu potencial com apenas alguns momentos de campanha. O level design da moradia da família vampiresca é competente e se mostra como uma localidade gigante e com várias possibilidades de puzzles. Apesar de manterem um nível relativamente fácil de resolução, o jogador deverá explorar o castelo inteiro em busca de pistas sobre o paradeiro de Rose e, nesta tarefa encontrará missões interessantes conforme aprende mais sobre quem está enfrentando.
Provando mais uma vez sua maturidade, Village traz referência aos próprios games da série que podem ser vistas nos quebra cabeças, em pequenas salas e com objetivos nem sempre claros, a coleta de chaves para prosseguir para novas áreas, a utilização de itens para descobrir novas pesagens e muitas outras referências pontuais.
A primeira missão traz objetivos que mesclam a ação pautada nos tiroteios e o enfretamento de inimigos bem como os momentos de pausa para a resolução dos puzzles. Ao caminhar pelos corredores do castelo, será necessário administrar com cautela as provisões de saúde e a munição que serão escassas em alguns momentos aumentado o nível de desafio e dificuldade do jogo. Mecânicas típicas de jogos da atualidade, que envolvem pequenas estratégias e coleta de itens, estão presentes e são executadas com maestria garantindo a diversão dos jogadores que não vão querer interromper a partida até atingir o desfecho da história de Dimitrescu e suas filhas.
Após a conclusão do enorme castelo que conta com várias áreas e salas para exploração, Resident Evil Village parece prosseguir com a campanha em ritmo intenso sendo necessário mais balas e melhorias das armas para sobreviver ao próximo desafio. Como forma de surpreender o jogador, a segunda missão acontece em uma casa menor que o castelo de lady Dimitrescu e traz como chefe de fase uma boneca maligna que não tem intenções de brincar.
Ao chegar a esta residência, o game executa uma mudança radical de ritmo de gameplay colocando o jogador em um cenário de silêncio e solidão que anuncia que alguma coisa inconveniente está para acontecer. Conforme explora a casa repleta de bonecas, todos as armas são retiradas da mão de Ethan e os objetivos da fase devem ser cumpridos com os itens achados no lugar. Saem de cena os combates frenéticos, a administração de recursos e a agressividade dos inimigos para dar espaço exclusivamente aos elementos de suspense e tensão. Tais elementos são potencializados através de luzes oscilantes, das cores quentes das paredes, dos objetos esquisitos dispostos no lugar e de uma surpresa asquerosa no final para fechar a missão. Tudo é alinhado com equilíbrio às mecânicas e à proposta de terror entrerregando uma experiência distinta do início da campanha e muito satisfatória em termos de diversão e aproveitamento.
Manteando a arquitetura de Resident Evil 7, vale destacar que os puzzles estão mais bem elaborados e inteligentes que o jogo de 2017 sem ser frustrantes como acontecia nos jogos mais antigos. Considerando o exemplo da segunda missão, Ethan está trancado dentro da casa de bonecas e precisa encontrar a saída apenas com os objetos que encontra pelos aposentos. Em termos de gameplay, os puzzles consistem em levar um objeto a outro ponto do cenário e prosseguir coma a exploração. No entanto, é o clima de tensão e desespero que dificulta a conclusão da missão sendo necessário atenção redobrada para encontrar tudo o que é necessário para atingir os objetivos. Soma-se ao quesito dos puzzles, a busca por tesouros, armamentos e joias que aumentam a sobrevivência de Ethan e é parte integrante da campanha para os jogadores que querem aproveitar todo o game.
Tecnologia de nova geração
Explorar os mais variados cenários de Resident Evil Village será uma tarefa agradável e uma experiência única muito por conta dos aspectos técnicos que abrem as portas em definitivo para a nova geração de consoles. Toda a criatividade do jogo não poderia ser aproveitada se não houvesse uma parte técnica bem executada e adaptada à realidade atual.
Muito comentado pelos jogadores desde o trailer de lançamento e posteriormente com a disponibilização das demos, os gráficos de Village são seus maiores triunfos por entregarem uma alta autenticidade e excelência de execução nunca vista anteriormente em um jogo da série. Playstation 5 e Xbox Series oferecem uma experiência mais polida e rápida em termos de carregamento e resolução, mas PS4 e Xbox One X conseguem trazer ótima qualidade sem decepcionar os jogadores.
Os gráficos de Village vão além de uma boa iluminação e sombreamento e são capazes de mostrar na tela diferenças sutis de cores e texturas que fazem toda a diferença no visual final. Os ambientes internos mostram um maior nível de detalhamento que os ambiente externos e ao caminhar pelas casas e reparar na mobília, é possível perceber diferenças reais entre os materiais que compõem os objetos. O jogador poderá ver com clareza a diferença entre os vários tipos de tecidos como algodão, feltro e veludo bem como a textura do couro, da madeira, do ouro e da prata representado com fidelidade em todos os ambientes. A tecnologia Ray Tracing é utilizada com destreza nos novos consoles e apresentam opções modestas de customização, mas que são relevantes considerando o contexto de jogos para plataformas de mesa. A iluminação é um espetáculo à parte e reflete a física da refração da luz de forma natural diferenciando os ângulos de visão e a intensidade de acordo com o local onde o personagem está.
Seguindo a tendência da qualidade e de sua própria maturidade, a trilha sonora de Village é uma produção de cinema que investe em diferentes técnicas para causar desconforto e tensão. O estilo sonoro do game pode ser percebido em dois aspectos principais: o primeiro são as composições executadas nas fases que se beneficiam dos tons pesados de tambores e violinos agressivos que vão arrepiar mesmo os mais corajosos. As músicas de Village não se pautam em melodias marcantes e funcionam mais como um termômetro das interações que anunciam quando é o momento do combate e quando é hora de respirar com um pouco de alívio.
O segundo aspecto ganha ainda mais destaque quando executado nos canais corretos de saída de áudio. A sonoplastia é um fator técnico da sonorização que merece atenção, pois apresenta uma qualidade que é pouco vista em jogos atuais e, mais uma vez, demonstra um jogo já adaptado às realidades e exigências das novas tecnologias.
Com quatro opções de áudio, o som surround tocado através de amplificadores de alta performance será a experiência definitiva para os jogadores que desejam se sentir imersos no universo de suspense do vilarejo. Isso porque os canais de áudio são precisamente divididos para separar a música e a sonoplastia, o que permite uma audição mais clara do que está acontecendo ao redor. Durante as investigações, os passos de Ethan poderão ser ouvidos com clareza ao mesmo tempo que outros ruídos como o fogo, os animais exportas batendo ao fundo vão ser sentidos diferentemente dependendo da posição do personagem. Os amplificadores poderão executar o ruído de inimigos próximos em uma caixa sonora e a voz e os tiros de Ethan em outra, gerando uma sensação de amplitude como em uma situação real.
Pela primeira vez na história da série, o Brasil recebe um bônus mais que bem vindo com a localização em português brasileiro incluindo a dublagem e a legendagem no idioma. O trabalho de tradução apresenta muita qualidade e a escolha das vozes para os personagens estão bem definidas e retratam a personalidade adequadamente. O elenco de atores composto por Raphael Rossato, Priscila Franco e Léo Rabelo que interpretam Ethan, Mia e Chris Redfiled respectivamente adicionando um brilho a mais no game que vem como um afago para os fãs brasileiros. Vale destacar que, por conta das expectativas sobre o jogo, o processo de dublagem foi feito “às escuras”, ou seja, sem as cenas para que os atores pudessem ter noção dos acontecimentos e das interações.Com a aproximação da data de lançamento, algumas cutscenes forma divulgadas e o elenco de dubladores pode conferir um pouco da história e das vivências dos personagens.
Sustentando todos os outros aspectos técnicos está a jogabilidade, que apesar de já consolidada desde 2017, consegue, neste título, mostrar avanços mesmo que sutis. De imediato, os controles estão mais rápidos tanto em relação ao capítulo anterior quanto dos remakes. É possível conferir no manejo dos botões uma resposta mais refinada e sincrônica que atende bem às dinâmicas do jogo permitindo maior fluidez para combater inimigos, solucionar puzzles e explorar cenários em busca de tesouros. O menu de armas e os inventários também passaram por mudanças oferecendo uma resposta mais rápida e efetiva na organização e manutenção de itens. Da mesma forma, a criação de munição e curas está mais prática que antes e pode ser feita pressionando um único botão, o que garante mais praticidade na produção especialmente quando o jogador está em combate contra hordas de inimigos e precisa de recursos.
Os famosos quebra cabeças e os inimigos bizarros fazem parte da jogabilidade compondo a configuração dos comandos que devem ser executados com o objetivo de obter sucesso nas missões. Em Village, as criaturas conhecidas como Licanos serão os oponentes e sempre aparecerão em conjunto de quatro ou cinco para aumentar o nível de desafio dos combates. No entanto, algumas lutas mais acirradas irão acontecer durante a campanha trazendo inimigos poderosos que não se abatem facilmente. As interações com os Licanos e outras criaturas apresentam a estrutura de ação de outros Resident Evil como RE4, RE 5 e RE6 exigindo destreza nos comandos e na administração da munição que, se não obedecidas, podem fazer com que a campanha se torne mais complicada e de difícil superação.
Reunindo um passado de sucesso, uma nova história e um personagem estabelecido, Resident Evil Village consegue provar que uma das séries mais famosas do mundo consegue manter a qualidade e o nome mesmo depois de alguns comentários que afirmavam que a franquia não tinha envelhecido bem. A Capcom entrega um jogo que transparece confiança e que tem por objetivo principal manter o nome Resident Evil em seu posto de merecimento promovendo um trabalho vigoroso em todos os aspectos que um jogo precisa ter. Com este lançamento e a promessa de uma trilogia para Ethan, jogadores de todas as gerações e perfis poderão descobrir na série os motivos que a levaram não ser somente um grande jogo, mas uma cultura pop traduzida em forma de enredo, ótimos personagens e uma legado que poucos jogos eletrônicos pode afirmar ter conquistado.
Veredito
Resident Evil Village é uma experiência única e reascende todo o brilho que série conquistou em seus 25 anos. A união entre técnica, maturidade, confiança e a capacidade de se reinventar fazem com que o jogo seja um dos grandes lançamentos de 2021 e o primeiro a estrear adequadamente a nova geração de consoles.
Mantendo a herança construída desde 2017 e dominando um motor gráfico exclusivo, o título consagra Ethan Winters como protagonista e o escala para o famoso elenco de personagens. Esse novo rumo adotado pela Capcom prevê não somente uma trilogia, mas um recomeço que vai fazer com que o nome Resident Evil atravesse muitas gerações.
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